A luta forçou ao pagamento de salários e remunerações

Vitória da dignidade na <i>PosTejo</i>

Com a força da luta, os tra­ba­lha­dores da Pos­tejo, em Be­na­vente, forçaram a ad­mi­nistração a pagar os salários de De­zembro e os subsídios de Natal, após dois dias de greve e a ameaça de ou­tros três.

«Querem impor-nos a es­cra­va­tura la­boral»

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A con­fir­mação de que a em­presa es­tava a pro­ceder aos pa­ga­mentos em atraso chegou ao co­or­de­nador do Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores das In­dús­trias de Ce­râ­mica, Ci­mentos e Si­mi­lares do Sul, Au­gusto Nunes, quando este se des­pedia da re­por­tagem do Avante!, à en­trada da fá­brica de ma­te­riais pré-fa­bri­cados de ci­mento e postes de betão, junto à ad­mi­nis­tração, no dia 19. A re­acção não se fez es­perar: isto deve-se «ex­clu­si­va­mente à luta de­ter­mi­nada e de­ci­dida dos tra­ba­lha­dores».

A his­tória conta-se de uma pe­nada. Sem ac­tu­a­li­za­ções sa­la­riais nos úl­timos sete anos e de­pois de um lay-off de três meses, no ano pas­sado, com re­gresso à ac­ti­vi­dade no fim da Pri­ma­vera, assim que cons­ta­taram que não ti­nham re­ce­bido os sa­lá­rios de De­zembro, o 13.º mês e o tra­balho su­ple­mentar de No­vembro, os 45 tra­ba­lha­dores da ci­men­teira, que tem como cli­ente prin­cipal a EDP, cum­priram uma greve, nos dias 9 e 10, que parou por com­pleto a pro­dução, ex­plicou o di­ri­gente sin­dical e tra­ba­lhador da Pos­Tejo há 19 anos, Nuno Po­li­carpo.

Com 22 anos de casa, Jo­a­quim Fi­lipe, também re­pre­sen­tante sin­dical, re­cordou como «nos úl­timos anos co­me­çámos a ter pro­blemas», con­si­de­rando que «a ad­mi­nis­tração quer é impor-nos a es­cra­va­tura la­boral», e sa­li­en­tando a im­por­tância da uni­dade dos tra­ba­lha­dores para o im­pedir.

 

A força da uni­dade

 

A greve de dois dias, com «ca­rácter es­pon­tâneo», teve lugar de­pois de es­go­tadas todas as ten­ta­tivas de diá­logo com a ad­mi­nis­tração, feitas pelo sin­di­cato, e de um abaixo-as­si­nado, re­co­lhido pelos tra­ba­lha­dores, a exigir a re­gu­la­ri­zação dos pa­ga­mentos em falta. A greve, no dia 10, serviu para forçar ao diá­logo, ex­plicou o di­ri­gente sin­dical. «Nesse dia, quando o ad­mi­nis­trador saiu do es­cri­tório, os tra­ba­lha­dores cer­caram-no e exi­giram ex­pli­ca­ções».

A Pos­Tejo tem também con­trato com uma outra em­presa de em­prei­tadas, o que de­monstra haver tra­balho e falta de mão-de-obra, re­feriu Nuno Po­li­carpo.

En­co­mendas não faltam , nem tra­balho. «Todos os dias saem ca­mi­o­netas car­re­gadas de ma­te­rial e não faltam cli­entes», acres­centou, sa­li­en­tando que os tra­ba­lha­dores da em­prei­tada cum­priram, re­cen­te­mente, horas extra para sa­tis­fazer uma en­co­menda e foram pagos, ao con­trário dos tra­ba­lha­dores da PosTejo, com as horas ex­tra­or­di­ná­rias de No­vembro por re­ceber.

Uma se­mana de­pois da greve, a ad­mi­nis­tração pagou os sub­sí­dios de Natal, mas man­tinha-se ina­mo­vível quanto aos sa­lá­rios de De­zembro e as horas-extra de No­vembro. En­tre­tanto, «o ad­mi­nis­trador deixou de estar con­tac­tável», ex­plicou o re­pre­sen­tante dos tra­ba­lha­dores, sa­li­en­tado que esse mo­tivo e a re­cusa em ne­go­ciar le­varam à mar­cação dos três dias de greve, para esta se­mana.

O sin­di­cato já tinha so­li­ci­tado a in­ter­venção da Au­to­ri­dade para as Con­di­ções do Tra­balho, também porque a em­presa não en­trega as quo­ti­za­ções sin­di­cais, mo­tivo que levou a es­tru­tura sin­dical a pon­derar avançar com um pro­cesso-crime contra a ad­mi­nis­tração, ex­plicou Au­gusto Nunes, lem­brando as vá­rias reu­niões de me­di­ação, no Mi­nis­tério do Tra­balho, que «nada con­tri­buíram para re­solver a si­tu­ação». Os re­pre­sen­tantes do Go­verno «deram razão ao pa­trão e não me­di­aram nada», acusou.

Na vés­pera da re­por­tagem do Avante!, o jornal re­gi­onal O Mi­rante também tinha feito eco desta re­a­li­dade.

Para 2 de Fe­ve­reiro con­tinua agen­dada uma reu­nião no Mi­nis­tério do Tra­balho, em Lisboa, onde o sin­di­cato re­cla­mará o pa­ga­mento das quo­ti­za­ções sin­di­cais, ga­rantiu Au­gusto Nunes.



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